#8 A fome dos monstros
O alimento como ferramenta de humanização dos nossos monstrengos favoritos
“Então, é Halloween, e o que você fez?”. Simone que me perdoe, mas é a voz dela que ecoa na minha mente quando penso nessa frase. É porque o ano voou e estou chocada que já é Halloween. Além disso, acabei de fazer aniversário, coladinho com a data assombrosa, e também estou chocada que os 36 anos já chegaram (Na minha cabeça, ainda tenho 23).
E, bom, já que o Halloween e os 36 chegaram, quero falar um pouco mais sobre essa data polêmica e que amo muito. Os mais puristas podem julgar a celebração dessa festa em terras brasucas e eu juro que entendo. Mas… o que é que se pode fazer se sempre fui apaixonada por monstros, bruxas e zumbis e adoro uma boa desculpa para comemorar a existência desses personagens controversos?
Só que hoje quero propor uma reflexão diferente sobre o assunto.
Uma reflexão sobre o se alimentar.
Dizem que o Halloween é a época do ano em que celebramos o mundo do sobrenatural, quando monstros, fantasmas e criaturas aterrorizantes andam livremente por aí. Curiosamente, uma das conexões mais profundas entre nós, mortais, e essas entidades misteriosas reside no alimento. Achou estranho, né? Eu posso provar.
Sim, o alimento desempenha um papel crucial na construção de personagens assustadores e na forma como nos relacionamos com eles. Seja um zumbi devorador de cérebros ou um vampiro sedento por sangue, a necessidade de se alimentar é o que nos mantém intrigados e conectados com essas figuras aterrorizantes. Compreendemos suas motivações porque também precisamos comer para sobreviver.
O alimento com ferramenta de humanização
Monstros, de todos os tipos, compartilham uma característica fundamental: a necessidade de se alimentar para sobreviver. Por incrível que pareça, isso nos aproxima deles. A fome por alimento (seja ele qual for) conecta esses personagens a nós, espectadores e leitores.
Ah, os zumbis, essas criaturas mortas-vivas que estão constantemente à procura de cérebros humanos frescos. Essa obsessão pela carne humana não apenas cria o elemento assustador em torno deles, mas também nos faz refletir sobre o que faríamos em um mundo pós apocalíptico. Os zumbis provocam uma reflexão sobre nossas próprias vulnerabilidades e o que somos capazes de fazer quando empurrados para o limite. Afinal, quando a sobrevivência se torna o único objetivo, a humanidade também seria capaz de cometer atos terríveis, como devorar uns aos outros?
Da mesma forma, os vampiros, com a sede insaciável por sangue humano, são personagens complexos. A luta desses seres em equilibrar a sede com a o que resta de suas próprias humanidades cria um dilema que ressoa conosco. É uma representação sombria de nossos próprios conflitos internos.
É o apetite que nos permite explorar a dualidade dos monstros. Eles podem ser predadores implacáveis, mas também têm suas fraquezas, muitas vezes relacionadas à uma fome voraz que nunca consegue ser saciada. Em contra partida, o alimento também pode se tornar arma. O alho, por exemplo, que é usado para afastar vampiros, nos traz uma sensação de poder diante do terror.
Ao criar essa conexão através de uma necessidade básica de sobrevivência, os criadores de histórias de terror nos lembram de que, por mais monstruosos que esses personagens possam ser, eles são, de alguma forma, reflexos distorcidos de nossa própria humanidade.
O alimento se torna um elemento de verossimilhança que nos mantém presos à narrativa e nos faz refletir sobre nossos próprios medos e desejos. Já pensou nisso?
Falando em Halloween…
E eu que fui convidada pelo Receitas para fazer quitutes temáticos de Halloween inspirados em grandes figuras da cultura pop? Sim, estou me achando. Não é sempre que a gente consegue uma parceria dessa, né? (Oi, mãe, tô na Globo!).
Foram 5 receitas inspiradas em vampiros, zumbis, Família Addams, Sweeney Todd e Edward Mãos de Tesouras. Fiquei muito orgulhosa e vou adorar saber o que você achou.
E, claro, fica aqui o lembrete que estou aberta para outros trabalhos, viu? #MandaJobs
Ainda sobre Halloween…
Lá no Capitu Vem Para o Jantar eu fiz vários conteúdos inspirados na data. Tem receita do Paprika Hendl de Drácula, da Gemada de Edgar Allan Poe e um vídeo sobre a ligação entre alho e vampiros que eu amei fazer!
Se o algoritmo fez o favor de não te mostrar, se rebele contra ele e clique no botão abaixo para conferir.
Lembre-se sempre de checar se não há monstros debaixo da cama, reforce o alho do seu refogado e bom Halloween!
Até a próxima semana!